12/12/2011

O coração está apontado para outro lado

E por muito tempo ela esperou. Chorou. Ficou velha. As rugas apareceram. Aquela marca no coração estava ali, aberta. Sangrando. O tempo não cura nada. Ela esperou muito por aquele telefonema.
Trimmmmm.
E numa tarde quente de verão, ele tocou. E ela ouviu tudo aquilo que esperava ouvir. O coração não disparou, a mão não suou, o estômago não ficou frio. Ela sentiu o cheiro dele, o calor dos dedos longos, lembrou do sexo, das palavras ao pé do ouvido. Como pode dois sentimentos tão distintos misturados? Como pode querer tanto e - de repente - aquilo nao significar nada?
Ela ouviu atentamente o que ele tinha pra dizer. Fez silêncio. Nao teve forças pra dizer nada.
Desligou.
Ela nao conseguia compreender o que estava acontecendo. Estava tudo nublado. Cinza. Confuso. Então, ela percebeu que o cheiro, os dedos longos, o sexo não eram lembranças daquele homem que a deixou esperando por tanto tempo. Eram lembranças do menino-dourado, que apareceu do nada na sua vida e trocou as coisas de lugar.
Tudo ficou claro, o estômago ficou frio, a mão suou, o coração disparou. Ela percebeu que o seu coração está apontado pra outro lado, pra outros olhos, pra outras pernas enroladas nas suas depois de uma noite de amor.
É o menino-dourado com aquele sorriso diferente que fez ela ver outras cores alem do pretoebranco.

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