15/12/2009

Metal na veia

Pequena ela já gostava de balançar a cabeça. Bastava dois acordes para ela botar a perna direita pra frente e começar a pipocar.
O cabelo comprido, solto e escorrido, tapava o rosto branquinho e com olhos negros. Mas claro que dependia da música. Sabbath era a sua preferência. Torcia o nariz para os "mela-cueca".
Os adultos faziam comentários do tipo: 'ela vai ser dona de banda' especialmente quando tocava seu baixo imaginário. Air bass.
O tempo passou, o cabelo foi ficando mais preto e escorrido (bendita tinta), as aulas de baixo sendo levadas mais a sério. A maquiagem cada vez mais preta e as roupas, bem não precisa descrever.
Estava pronta: a voz boa, os dedos ágeis deslizavam no seu Fender Jazz Bass. Eis que numa noite entre discussões sobre filmes/música/trilha sonora e muito álcool ela conheceu um carinha. Gatinho, inteligente, um pouco tímido.
Passaram a noite e a manhã seguinte juntos. O namoro começou ali e ele foi engolindo ela. Acabaram as aulas de baixo, a ideia da banda, os shows de metal.
Hoje, ela só usa roupa branca.