Pequena ela já gostava de balançar a cabeça. Bastava dois acordes para ela botar a perna direita pra frente e começar a pipocar.
O cabelo comprido, solto e escorrido, tapava o rosto branquinho e com olhos negros. Mas claro que dependia da música. Sabbath era a sua preferência. Torcia o nariz para os "mela-cueca".
Os adultos faziam comentários do tipo: 'ela vai ser dona de banda' especialmente quando tocava seu baixo imaginário. Air bass.
O tempo passou, o cabelo foi ficando mais preto e escorrido (bendita tinta), as aulas de baixo sendo levadas mais a sério. A maquiagem cada vez mais preta e as roupas, bem não precisa descrever.
Estava pronta: a voz boa, os dedos ágeis deslizavam no seu Fender Jazz Bass. Eis que numa noite entre discussões sobre filmes/música/trilha sonora e muito álcool ela conheceu um carinha. Gatinho, inteligente, um pouco tímido.
Passaram a noite e a manhã seguinte juntos. O namoro começou ali e ele foi engolindo ela. Acabaram as aulas de baixo, a ideia da banda, os shows de metal.
Hoje, ela só usa roupa branca.
15/12/2009
14/12/2009
Melhor que seja sonho
Ela chegou aos 40 com a sensação que a vida não lhe deu o que merecia. Na noite passada sonhou — mais uma vez — com o carinho que conheceu aos 20. O maldito ainda faz ela suar frio.
Mesmo agora que ela chegou aos 40 com muitas rugas na cara, pelanca nos braços, pescoço enrugado e a bunda parecendo a lua — celulite e estria não perdoam ninguém — e morando com outra mulher.
No sonho, ele ia ser pai e não era ela que estava grávida. Mesmo no sonho, o maldito não lhe passava confiança. Ele dizia, olhando nos olhos dela, que iria ficar na sua companhia pra sempre.
Não adiantou. Ela teve o mesmo aperto no coração, igualzinho as vezes na vida real que ele prometeu ficar com ela.
Escovando os dentes de marfim, ela lamentou ter conhecido o maldito. depois, agradeceu por não ter dado certo. Ele nunca seria totalmente dela, nem será de ninguém.
Mesmo agora que ela chegou aos 40 com muitas rugas na cara, pelanca nos braços, pescoço enrugado e a bunda parecendo a lua — celulite e estria não perdoam ninguém — e morando com outra mulher.
No sonho, ele ia ser pai e não era ela que estava grávida. Mesmo no sonho, o maldito não lhe passava confiança. Ele dizia, olhando nos olhos dela, que iria ficar na sua companhia pra sempre.
Não adiantou. Ela teve o mesmo aperto no coração, igualzinho as vezes na vida real que ele prometeu ficar com ela.
Escovando os dentes de marfim, ela lamentou ter conhecido o maldito. depois, agradeceu por não ter dado certo. Ele nunca seria totalmente dela, nem será de ninguém.
12/12/2009
Juarez Machado
Essa semana fiz uma limpeza numa gaveta no jornal e encontrei um livro do Juarez Machado: Diário de Bordo. Foi um feliz encontro. O cara é fantástico. Artista mesmo: artista plástico, dedica-se à pintura, é também escultor, desenhista, caricaturista, mímico, designer, cenógrafo, escritor, fotógrafo e ator.
Lindo, lindo!
Olha só a capa do livro:

E a contra
Lindo, lindo!
Olha só a capa do livro:

E a contra

Assinar:
Postagens (Atom)